Foi chegar...ver...e nascer...!

Mapa das contracções

Antes de começar a relatar aquele que foi em dúvida um dos dias mais felizes da minha vida, não posso deixar de agradecer a todos aqueles que por aqui passaram a desejar que a minha hora fosse pequenina (e assim foi...) e que depois nos parabenizaram e deixaram palavras tão bonitas.
Tudo começou no dia 31 de Agosto à noite...
Como sabem há já 2 semanas que apresentava 2 dedos de dilatação, o que posteriormente evoluiu para 3 dedos (isto na 2ª feira anterior ao parto). Durante todo este tempo sentia bastantes contrações, as quais não eram, no entanto, dolorosas, apesar de de vez em quando sentir também uma moínha.
No dia 31 à noite, a acompanhar as contracções começei a sentir uma moínha no fundo da barriga um pouco mais forte daquelas que já tinha sentido...e pensei: "será o início...???"
Nessa noite dormi normalmente. Quando acordava para ir à casa de banho sentia as contracções, mas não era nada que me impedisse de dormir.
Acordei por volta das 9hs e já não consegui adormecer. Agora a moínha começava a ser um pouco mais forte, mas mesmo assim não deixei de fazer a minha rotina habitual e nem sequer acordei o A.
Almocei uma sopa...e nesta altura sim, já pensei que poderia ser naquele dia...
A sopa tinha couve e eu pensei, naaaaaaaaa, não a vou comer...pode fazer algum efeito nefasto no intestino...
A partir daí a moínha começou a transformar-se em dor...
Tinha começado a cronometrar as contracções ainda de manhã, e depois de almoço foi o A. que tomou conta dessa tarefa. É engraçado que as minhas contracções nunca foram regulares...começaram por ser bastante espaçadas e depois foi gradualmente diminuindo o tempo, mas sem nunca ficarem regulares...
Lá está...não devemos seguir à letra tudo aquilo que lemos ou ouvimos porque cada caso é um caso. Segundo tinha ouvido, só deveria ir para o hospital quando as contracções fossem regulares de 5 em 5 minutos...ora, as minhas últimas oscilavam entre os 7, 6, 4, 5, 7, até que a última foi 3. Nesta altura pensei...bem, elas deviam ser regulares de 5 em 5 mns, mas a dor destas últimas contracções já é tão forte que o melhor é ir andando...(o A. bem me tentava consolar coitado...e agora que me lembro, nessa altura nem fiz uso das massagens que tinha aprendido nas aulas de p.p. nem das técnicas de relaxamento...é muito bonito mas naquela hora não alivia em nada...pelo menos eu pensei assim...só conseguia estar deitada.)
A caminho das urgências senti pelo menos mais 2 ou 3 contracções, e quando chegámos, em pleno hall dá-me uma nova contracção com uma dor tão aguda que só me consegui encostar à parede. Vem logo uma funcionária ter comigo a perguntar o que se passava e eu mal consegui dizer que estava a sentir contracções. Ao contrário das outras vezes que fui às urgências, desta não esperei e fui prontamente levada para para ser observada. Passados 1 ou 2 minutos aparece uma enfermeira que meio carrancuda e com ar de quem pensa que eu não estou nada aflita, pergunta se sou eu a grávida que estou aflita...ao que respondo que sim.
Bem...agora esta parte passou a correr...ou melhor, a voar...
A enfermeira faz-me o toque e só vejo a cara dela muito espantada e a comunicar a outra um nome técnico qualquer que eu não entendi, mas que logo de seguida fui elucidada...
"Esta grávida já está com 9 cms de dilatação....ela vai parir a qualquer momento....!!!!!!!!!!"
Nem sei explicar bem o que é que me ocorreu naquele momento...
Levaram-me para o quarto onde é suposto fazer a dilatação...chamam a minha médica (que por acaso mora lá perto e chegou em 10 minutos) e perguntam se eu quero epidural...."MAS É CLARO QUE EU QUERO EPIDURAL..."
Num ápice aparece o anestesita que me ministra não uma epidural mas aquilo que eles chamam de sequencial (a anestesia não é ministrada na zona epidural, mas numa zona posterior), cujos efeitos se fazem sentir mais rapidamente do que a epidural (já não havia tempo para esta fazer efeito). Se querem que vos diga nem me lembro já da dor da anestesia...não é nada comparado com a dor das últimas contracções que senti.
Uma das enfermeiras pede ao A. a 1ª roupa do bebé, ao que ele diz que está no carro... "não contava que fosse preciso já...diz ele"..."então vá a correr buscá-la ou pode não vir a tempo", diz a enfermeira. Entretanto chega a minha médica, eu sou levada para o bloco de partos, o A. entra já todo fardado e senta-se ao meu lado na cadeirinha dele (foi um marido valente...aguentou-se sem vacilar...)...eu faço força 4 ou 5 vezes (numa das vezes a médica diz que já está a ver o cabelinho dela...) e de repente ouve-se um choro...
Não foi um choro estridente, mas um choro muito suave...
Ao contrário daquilo que tinha idealizado, a 1ª parte do corpo que eu vi da minha filha foi os seus pés, aliás uns grandes pés...já que a colocaram por cima de mim, mas virada de cabeça para baixo...! Não senti qualquer tipo de dor (nem mesmo quando me fizeram a episiotomia)...bendita anestesia...e só no fim quando a médica me cosia comecei a sentir qualquer coisa.
Entretanto, o A. corta-lhe o cordão e de seguida levam-na para ser limpa (nem estava muito suja ao contrário do que pensava) e vestida. O A. foi acompanhar e eu fiquei de longe a observar.
Passei para a sala de recobro e aguardei ansiosamente que me colocassem a pançudita nos braços para finalmente a poder observar melhor e dar de mamar (era uma das prioridades...dar de mamar na 1ª meia hora de vida...)...e assim foi...ela ainda esteve um bocadinho a ser aquecida e depois foi colocada ao meu lado...dei-lhe o peito e ela não se fez rogada...foi um momento inesquecível...!!!!